Era uma vez um mestre e o seu discípulo. Eles gostavam de aprender com as pessoas que conheciam enquanto falavam com elas. Um dia decidiram sair para conhecer novas pessoas. Pelo caminho encontraram uma família muito pobre. Essa família não tinha nada, só uma vaca. Eles alimentavam-se do que a vaca lhes dava, e o que sobrava vendiam na feira. A família contou tudo isto ao mestre e o seu discípulo, e apesar de terem pouco convidaram-lhes a almoçar com o pouco que tinham. Quando terminaram de almoçar o mestre e o discípulo despediram-se da família e seguiram o seu caminho.
Antes de perder de vista a casa, o mestre pediu ao discípulo para voltar à casa e atirar a vaca pela falésia. O discípulo ficou horrorizado, e perguntou ao mestre porque faria essa maldade, pois aquela família precisava da vaca para se alimentar e alimentar os seus filhos. O mestre respondeu: “Não perguntes. Simplesmente vai e atira a vaca pela primeira falésia que vires e volta para aqui”. O discípulo foi e atirou a vaca tal e como o mestre tinha pedido, mas com um grande peso na consciência.
Continuaram a caminhar e conhecer pessoas, mas o discípulo
nunca deixou de pensar naquela pobre família que tinha ficado sem a sua vaca,
sua fonte de alimento. Um dia, o discípulo, cheio de remorsos, e de consciência
pesada, despediu-se do mestre e voltou à casa da família que tão amavelmente os
tinha recebido e onde ele tinha atirado a vaca pela falésia. Quando se
aproximava da casa, viu crianças alegres a jogar na relva (antigamente a casa
não tinha relva, era só terra batida), a
casa estava arranjada e era maior… e rapidamente pensou: “a pobre família
teve que vender a casa para poder sobreviver”.
Surpreendentemente, viu que o pai era o mesmo. Aproximou-se para cumprimenta-lo,
e antes do discípulo poder perguntar o que tinha acontecido e conseguir pedir
perdão por ter matado a vaca, o homem começou a falar e disse: “Depois da vossa
visita, aconteceu uma desgraça, a nossa vaca caiu pela falésia e morreu. Tivemos
que aprender a viver de outras formas, e conseguimos seguir em frente e chegar
ainda mais longe. As coisas aconteceram e agora estamos muito bem”. O discípulo não disse mais nada. Almoçou mais
uma vez com eles, maravilhou-se com tudo o que tinham conseguido e foi embora.
A pergunta que devemos fazer a nós próprios é “qual é a vaca que devemos atirar pela falésia, para a nossa vida seguir em frente e chegar ainda mais longe?”
Às vezes a vida atira as nossas “vacas” pela falésia. Pode ser por uma doença, por perder alguém que amamos, ou por exemplo, por ficarmos sem trabalho de um dia para outro. Outras vezes devemos ser nós a atirar essa “vaca” que não nos deixa ir mais longe.
Devemos ter CORAGEM de atirar a “vaca” que nos impede de crescer, porque só quando temos coragem é que conseguimos a LIBERDADE e PROSPERIDADE!
BEATRIZ RUBIO