Há 17 anos que vou de férias em Agosto para o mesmo lugar. Não é um lugar luxuoso, mas é maravilhoso e enche de facto a minha alma.
Todos os dias que lá passamos são aproveitados e vividos intensamente com amizades inesquecíveis. Apesar de termos sempre o desejo de nos reencontrar no Inverno, a verdade é que nem sempre isso acontece.
Entre os amigos de Verão, conto com algumas das amizades mais sólidas e valiosas que tenho. E às vezes pergunto-me… porque será que nem sempre lhes dedico tanto tempo?
Já diz esta frase…” Não procures um amigo para matar as horas mas sim procura-o para viver com ele horas da tua vida” (Khalil Gibran).
As férias mudam o nosso ritmo de vida e proporcionam mais tempo e oportunidades para nos relacionar com os outros. Aproveitamos o facto de estarmos num ambiente relaxado e descontraído para partilhar experiências, vivências, sentimentos e emoções que durante o resto do ano não encontramos espaço ou tempo para o fazer. Talvez por isso também, criamos conexões profundas, alheias a superficialidades com que muitas vezes nos relacionamos. No fim, estas amizades de curto tempo são verdadeiras amizades.
Existem duas formas de união: uma através da partilha de momentos maus e outra através das experiências agradáveis, desfrutadas uns com os outros. As sobremesas prolongadas, as conversas cheias de cumplicidade, os pequenos momentos de relax e a tranquilidade que durante o resto do ano não possuímos devido à nossa actividade profissional, fazem com que as nossas relações sejam mais íntimas e espontâneas no Verão.
E porquê? Porque nas férias deixamos cair as nossas máscaras e passamos a ser mais nós próprios e os nossos encontros têm muito mais valor. Deixamos de lado o nosso trabalho, a necessidade de fazer tudo correctamente, as inseguranças e os complexos… Passamos a ser só nós e nós! Por isso, o que às vezes acontece é que durante o Inverno, quando já estamos demasiado empenhados na nossa vida profissional, ficamos sem tempo para voltar a rever essas amizades.
As amizades de Verão podem ser de curta duração, mas intensas e de relação profunda. Acho que estes amigos são o espelho que refletem exatamente quem nós somos.
“A amizade começa onde o interesse termina” (Marco Túlio Cicerón).
As amizades de Verão não terminam pelo inverno chegar, simplesmente hibernam. O Inverno é um parêntesis na relação. Porém, é necessário que durante o Verão voltem a ser retomadas, mimadas e trabalhadas para não se perderem. Quanto melhor cuidarmos delas mais tempo permaneceremos juntos.
“Guarda o teu amigo como a chave da tua vida” (William Shakespeare).
Sinceramente, penso que devemos trabalhar os nossos amigos de Verão, durante o Inverno. Devemos esforçar-nos para manter estas relações vivas e refletir sobre a simplicidade do Verão, a nossa autenticidade e o tirar as máscaras da nossa vida.
Sobre este tema, deixo-vos ainda algumas reflexões finais:
“O amigo de todas as pessoas não é amigo” (Aristóteles).
“A verdadeira amizade é estar calado e divertir-te” (Erasmo de Rotterdam).
“Não deixes crescer erva daninha entre a amizade” (Platón).
“Uma amizade partida e reiniciada requer mais trabalho que aquela que nunca foi quebrada” (François de la Rochefoucauld).
“Muda os gostos mas não mudes de amigos” (Voltaire).
“Todo o amigo merece riscos da nossa parte” (Edward Young).
“Ter um amigo não é uma coisa que todas as pessoas possam presumir” (Antoine de Saint-Exupery).